Por que será que dei tanto carinho para
o filho e hoje ele me trata mal e desrespeita a companheira e qualquer outra
mulher ao seu redor? Suportei uma péssima relação com o meu marido durante anos
com o meu marido e hoje vejo que ele é tão agressivo com a esposa como o pai
era comigo?
Esta
são algumas perguntas de mães, amigos e outras pessoas do círculo social e
familiar de um homem agressivo quando não encontram causas ou motivos para o
comportamento violento/ abusivo daquela pessoa.
Por
mais que seja duro, infelizmente, este
homem violento/abusivo APRENDEU/COMPREENDEU, seja de maneira explícita ou
implícita, que ele deve ter o comando e a superioridade naquela relação.
Este é o primeiro ponto básico que sustenta a assimetria nas relações de uma
maneira geral e o ponto de partida para a prática de abusos e/ou atos de
violência direcionados para a companheira/esposa.
Estamos
imersos em uma sociedade machista, sexista e misógina que exacerba as provas de masculinidade que sempre põem em xeque a
virilidade, a força, o poder, a violência e a autoridade.
Com isso, não é
incomum que muitos homens interpretem ou entendem atitudes ou comportamentos de
seu companheiro como uma afronta a sua masculinidade e poder dentro daquela
relação.
Além
deste aspecto sociocultural, conforme mencionado anteriormente, estes homens aprendem este modelo misógino
e agressivo dentro do ambiente familiar.
Para esclarecer melhor esta
questão, trago algumas questões sobre misoginia tratados no livro Homens que
odeiam suas mulheres e As mulheres que os amam de autoria da Dra. Susan Forward
e Joan Torres:
1.Pais misóginos
Homens cujos pais têm ideias fixas e rígidas
sobre os papéis de homens e mulheres aprendem que, dentro da relação, o homem
tem o papel de comando e suas ordens devem ser obedecidas de maneira passiva
pela mulher.
2.Seja
como seu pai e você estará seguro
Algumas crianças são criadas em ambientes em
que o pai agressivo e autoritário representa a figura de fortaleza e segurança. Suas atitudes trazem a mensagem de que a
sua maneira de ser é o modelo a ser seguido.
Assim, ao se identificar com o
pai, o menino reproduz a tirania e o abuso com as mulheres em sua relação no
futuro.
3.Quando
a mãe assume o papel de vítima
Mulheres submetidas a uma relação opressiva
com seus maridos se submetem ao papel de vítima e com isso, ele se comporta
como uma criança desamparada.
Assim, as crianças não
possuem um modelo de figura materna forte bem como não têm um adulto que
proteja das agressões e ameaças do pai.
4.A
opressão é única forma de controlar as mulheres
Um homem com um pai misógino aprende que o
homem tem o direito de controlar, desdenhar e menosprezar a mulher desde
pequeno.
Assim, a
partir desta ideia de controle, ele acredita que pode magoar, assustar e inibir
a mulher para que possa exercer o seu poder.
5.Não
confie nas mulheres
Homens que foram maltratados na infância pelo
pai, muitas vezes, costumam culpar a mãe
tanto ou mais que os pais pelos maus-tratos que foram submetidos.
Isto por que a criança espera que a mãe
conforte e traga o amor, mas caso isto não aconteça, a vitimização da mulher em
um ambiente familiar opressor faz com que ela não seja esta figura esperada de
amor, conforto e segurança.
6.Quando
a mãe é opressiva
Quando mães exercem o controle em tudo e todos
no ambiente familiar e proporciona proteção excessiva aos filhos e o pai é uma
figura passiva, o filho pode se tornar um misógino em decorrência do excesso de
controle e proteção da mãe.
Na vida
adulta, este se sente incapaz e desamparado diante de figuras femininas e com
isso, pode chegar a maltratá-las e odiá-las.
Assim,
o ambiente familiar tem grande peso na construção de futuros misóginos. Para
fazer a esta realidade, é necessário uma cultura e paz e igualdade entre homens
e mulheres.
Por
mais utópico que seja, as pequenas ações
têm grande potencial para mudança e acredito que assim como passo-a-passo
construímos a violência e a misoginia, também podemos desconstruí-la.
Fiquem
em paz! Grande Abraço!
Karine David Andrade Santos
Psicóloga CRP-19/2460
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