Quem
não conhece uma pessoa que não sabe dizer não e adora agradar as outras
pessoas? Ou então aquela ou aquele que se cala para não ser desaprovado (a)
pelas outras pessoas? Pois é. Imagine esta mesma pessoa, sendo
uma mulher que faz de tudo e mais um pouco para agradar o companheiro ou
companheira.
O
que será que faz com que esta pessoa tenha este tipo de comportamento? Como se
comportam estas mulheres boazinhas em relacionamentos abusivos?
Então é sobre isto e muito mais que vou prosear aqui com você. Vem comigo!
De alguma forma, estas
pessoas boazinhas aprenderam que devem ter como prioridade o bem-estar das
outras.
Esta prioridade pode ser observada
em diferentes momentos quando a pessoa assume como um DEVER: atender as necessidades, pensamentos e
expectativas alheias; cuidar das outras pessoas mesmo que elas não tenham
solicitado; ser agradável e evitar
magoar as outras pessoas; jamais negar
um pedido ou mesmo decepcionar
qualquer pessoa; estar sempre feliz e
alegre e nunca sobrecarregar as pessoas ao redor com as suas necessidades
ou problemas.
Mas por que cargas
d´´agua uma pessoa se anula para agradar as outras pessoas?
Estranho não é mesmo?
E aí que entra as
expectativas e pensamentos mágicos das boazinhas e bonzinhos.
Muitos acreditam que,
sendo desta maneira, as pessoas serão
gratas e nunca irão decepcioná-las, não irão rejeitá-las ou criticá-las em
algum momento, sempre vão gostar delas, jamais irão abandoná-las, sentirão raiva
ou mesmo serão boazinhas e atenciosas como uma maneira de retribuir a bondade
dos “bonzinhos” e boazinhas. ”
Tudo passa de expectativas, comportamentos e papéis
fantasiosos e mágicos para que ela/ele se desvencilhe da rejeição, do
abandono e até das próprias emoções negativas como medo e raiva.
Agora é que vem a
cereja do bolo
Imagine meu caro/minha cara quando estas
pessoas são mulheres acompanhadas de companheiros/companheiras abusivos (as)?
Dá para imaginar o estrago não é mesmo?
Uma mulher boazinha em um
relacionamento violento tanto irá
agradar o (a) outro (a) como uma maneira de ser aceita como para
amenizar/minimizar o tratamento rude que recebe.
Na verdade, o que esta
mulher boazinha não enxerga é que esta sua
característica potencializa a violência no relacionamento. Isto por que
este clima permissivo encoraja o (a) abusador (a) a continuar sua saga abusiva
naquela relação.
Pois, por favor, preste bastante atenção agora
principalmente se você se identificou com o que foi falado até agora: por mais
que você seja gentil, boazinha e
atenciosa, a violência não irá cessar. Muito pelo contrário: você está entrando no jogo de quem
abusa/violenta. E antes que eu esqueça: você não é a culpada pelos
abusos/violências que tem sofrido! A culpa não é sua!
E uma outra armadilha
espreita a mulher boazinha: o medo do
abandono conforme mencionei. É este que faz com que muitas, mesmo tendo ciência de tudo o que eu falei no outro
parágrafo, continuam dentro do
relacionamento.
Dentro desta forma de
agir e pensar, muitas costumam se
desvalorizar, diminuir ou mesmo se anular para que o (a) companheiro (a) se
sinta seguro, no controle da relação e pincipalmente insubstituível.
Nesta espiral de agradar,
muitas se distanciam das suas
verdadeiras necessidades, anseios, expectativas e por não ter frágil
autoconhecimento, não consegue
estabelecer limites tanto pessoais como na relação com as outras pessoas
seja nas relações amorosas ou não.
Tal aspecto é um prato cheio para homens/mulheres
abusivos para todo tipo de prática violenta pois a vítima não saberá estabelecer tanto os limites como reconhecer que aquela
relação é violenta devido a “sua mania de agradar. ”
Mas e agora? Como estas
boazinhas podem sair desta “enrascada”? Uma das primeiras
questões é tentar descobrir o que está
escondido atrás deste medo de ser abandonada/rejeitada.
Não é incomum encontrar
relatos de mulheres que se esquivaram do seu próprio mundo emocional ou criaram
esta “muralha” para afastar, amenizar,
recuar, esquecer ou até mesmo negar alguma parte de si mesma ou experiência
negativa na vida.
Muitas aprenderam que ser boazinha é a melhor maneira de evitar
ou lidar com os conflitos e isto pode ser encontrado facilmente na educação
de meninas quando elas são reprimidas em momentos de raiva ou fúria.
Para encerrar este nosso
bate-papo, destaco a importância primordial da psicoterapia para o autoconhecimento, o reconhecimento da
relação abusiva, a construção de limites dentro de qualquer relacionamento e
principalmente para aquisição de recursos emocionais (em outras palavras
“força) para sair de um relacionamento violento e desconstruir a síndrome da
boazinha.
É isso por hoje!Tchau e
até a próxima!!
Karine David Andrade
Santos
Psicóloga CRP-19/2460
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