Olá leitor(a)! Você já conheceu alguma mulher que
tem o padrão de manter relacionamentos amorosos com parceiros/parceiras
abusivos ou violentos? Será que esta pessoa não gosta de si mesma? Ou será que
ela gosta de sofrer? Ou é verdade que mulher gosta de apanhar?
Bom, os
questionamentos são inúmeros e sobre isso que vou conversar com você hoje. Fica
aqui comigo então!
Um primeiro ponto básico a ser trabalhado aqui
é a importância da nossa família para a construção de nossos pensamentos e
sentimentos tanto em relação a nós mesmos como sobre aquilo que esperamos das
outras pessoas.
Isto quer dizer que a maneira como os pais se relacionam e
tratam suas crianças constitui não só a nossa base emocional como comportam uma
série de mensagens e informações sobre como vamos nos relacionar com as outras
pessoas e vice-versa.
Para tornar isto claro, vamos supor que os pais
transmitem aos filhos, de forma direta ou indireta, que eles são valiosos e
dignos de respeito pelas outras pessoas, possivelmente, eles vão esperar um
tratamento digno por parte das pessoas.
Mas, caso os pais ensine que esta
criança não tem valor ou é indigna de alguma maneira, então ela vai buscar
interações que confirmem de alguma maneira esta imagem negativa.
Ainda dentro deste aspecto da construção da
autoimagem, cabe lembrar que as crianças também a constroem através da
identificação. Assim, as formas como nossos pais se relacionavam e como um
tratava o outro serão as nossas primeiras referências construção e opinião
sobre relacionamentos futuros.
Outro ponto que cabe destacar sobre a importância
da família neste ponto é que as crianças não só recebem mensagens verbais diretas
como também interpretam as situações e comportamentos dos pais. E são estas
mensagens que também servirão como alicerces para a nossa relação com nós mesmos
e a maneira como nos relacionamos com o mundo.
Além disso, muitos costumam repetir os padrões
de relacionamento familiares mesmo que queira fazer com que tudo não seja como
era em sua família de origem. Não é incomum encontrar pessoas que lutaram para
ter relacionamentos mais saudáveis que os pais mas acabam envolvidas em
relações com parceiros (as) muito parecidos.
Você pode perguntar: então a família é
determinante para a qualidade de um relacionamento do futuro? Não colocaria
como determinante, mas ela exerce grande influência na forma como construímos a
nossa autoimagem.
E isto é ponto de partida para a forma como nos relacionamos
com si mesmo, com as pessoas e como queremos/aceitamos ser tratados.
Então lembra o exemplo citado no início do
texto? Será que esta mulher tem uma imagem negativa de si mesma? E com isso ela
busca interações que, de alguma maneira, confirme esta autoimagem? Qual foi o
padrão de relacionamento dos pais ou mesmo dentro do ambiente familiar?
Estes são alguns questionamentos que nos ajudam
a desconstruir frases que atribuem culpa única e exclusiva as vítimas de
violência. Mas não é só isso. Ainda tem mais farinha neste angu.
Uma menina quando vê uma mãe que aceita a
situação de violência física e psicológica, ela recebe a mensagem de que o
homem pode fazer o que quiser com uma mulher. Além desta mensagem, fica implícito
que, para manter um relacionamento, a mulher deve tolerar/suportar o comportamento
do homem.
Também são frequentes os casos de crianças que
recebem a mensagem de que as mulheres são dependentes e desamparadas e por
isso, não podem viver sozinhas dentro de um mundo assustador. Assim, elas
aceitam qualquer tipo de relacionamento para viver “amparadas” por um homem e
assim, eles se investem de todo poder dentro da relação. Até mesmo para bater,
empurrar, desqualificar....
Existem os casos de famílias com dinâmicas
disfuncionais e um dos clássicos deste tipo é aquela em que um dos membros se
torna o bode expiatório. Não é incomum que as crianças sejam os principais
alvos pela questão da dependência e vulnerabilidade.
Com isso, pode acontecer
que esta futura mulher tenha sido a culpada por tudo o que acontecia dentro
daquela família. E assim fica a internalização da culpa que se fará presente
nos relacionamentos amorosos ou não.
Mas, além das questões familiares expostas até
aqui, cabe expor a forte influência da cultura machista e misógina que traz
força para as ideias de que “as mulheres são inferiores que os homens “e
precisam de um homem para cuidar de si mesmos.
Isto faz com que muitas mulheres
acreditem realmente que têm pouco controle e autonomia sobre suas próprias
vidas. Assim, muitas costumam ser levadas pela vida e pelo controle de outras
pessoas o que as tornam presas fáceis para relacionamentos violentos/abusivos?
Por fim, gostaria de salientar que estes foram
alguns dos aspectos que exercem grande impacto na forma como escolhemos os
nossos parceiros/parceiras. No entanto, somente uma avaliação detalhada e
cuidadosa por parte de um profissional da Psicologia pode desenhar com mais
qualidade quais são os fatores/aspectos envolvidos neste padrão repetitivo de
relacionamento abusivo/violento.
É isso! Cuide-se!
Karine David Andrade Santos
Psicóloga CRP-19/2460
Desse jeito mesmo
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