Olá leitora! Hoje eu te
convido para uma conversa íntima e muito pessoal. Daqueles papos que costumamos
fazer com uma amiga muito próxima ou a depender da situação, nem queremos falar
sobre isso. Adivinhou o que estou querendo falar: é sobre sexo sim mas sobre
algo muito constrangedor e que causa muito conflito: a violência sexual.
Mas
como assim: eu nunca fui estuprada e costumo ter um parceiro fixo. Ah, isto
não me interessa. Calma, calma! Isto pode ser sim do seu interesse. Para você
percebe como este assunto pode te chamar atenção, por favor, responda a
seguinte questão: quantas vezes você teve relação sexual com o seu parceiro só
por que ele queria?
Ou mesmo quantas vezes você permitiu (ou melhor foi forçada
de alguma maneira) a ter relação sexual com o seu parceiro sem uso de nenhum tipo
de preservativo?
Então amiga vem comigo por que o babado é forte!
Para começo de conversa,
vamos trazer uma definição deste assunto pela OMS (Organização Mundial de
Saúde): violência sexual é qualquer ato sexual ou
tentativa de obter ato sexual, investidas ou comentários sexuais indesejáveis,
ou tráfico ou qualquer outra forma, contra a sexualidade de uma pessoa usando
coerção.
A lei Maria da Penha também acrescenta que qualquer prática “que
a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação.
” Também se configura como
violência sexual.
Em
linhas gerais, quem é vítima deste tipo de violência costuma sentir que os seus
limites corporais e psíquicos são desrespeitados, seus desejos e necessidades
são ignorados e uma sensação de se tornar um mero objeto de desejo dos outros.
Na realidade, o sexo ou outras posturas com este tipo de conotação é utilizado
como ferramenta de controle, domínio, poder, submissão da vítima e de
manifestação de sentimentos de superioridade normalmente machistas e
patriarcais.
Muitas
mulheres costumam ceder seus corpos, mesmo sem desejo, aos seus parceiros
motivadas por uma ideia de que é um dever satisfazer seu marido, medo de que
ele procure outras mulheres ou mesmo uma maneira de evitar agressões físicas ou
o emprego da força física durante a relação sexual caso ela demonstre
resistência.
Um
dos aspectos que eu gostaria de chamara atenção é que boa parte dos agressores
sexuais são constituídos pelos próprios parceiros e membros próximos da
família. Aquela cena de uma mulher sendo molestada por um homem em um beco
escuro não compõe grande parte dos casos.
Além
do mais, como o ofensor é conhecido da vítima, muitas costumam silenciar a
ocorrência temendo retaliações ou atitudes culpabilizadoras oriundas de pessoas
que façam parte do círculo familiar ou de amigos.
Com isso, elas se tornam mais
fragilizadas pois uma suposta zona de proteção/segurança não está presente
nestes momentos. Não será incomum que muitos encarem esta denúncia com desdém
pois afinal ela precisa cumprir com suas obrigações de parceira/esposa. Ou
ainda uma outra fala: você não está com outro não é mesmo???
Diante
de tudo o que eu falei, a ideia de consentimento real é que vai definir a
violência sexual. E por ser algo que violenta o que há, digamos, de mais
íntimo, as consequências psíquicas e físicas são: angústia, medo, ansiedade,
culpa, vergonha, depressão, reações somáticas, contágio com DSTs, problemas
ginecológicos, dentre outros. Muitas costumam desenvolver transtorno de
estresse pós-traumático e normalmente, os agressores podem fazer uso de facas
ou armas de fogo para forçar a relação sexual caso a vítima resista.
Ainda
como consequência psicológica desta violência, muitas vítimas deste tipo de
violência costumam desenvolver algumas reações tais como: negação, dissociação
e autoacusação. Na negação, a mulher não crê no acontecido, nega e busca
explicações para o comportamento do agressor. Na dissociação, a mulher se
afasta mentalmente do que está acontecendo para que sua capacidade de resposta
à agressão seja bloqueada ou diminuída.
Já na autoacusação, muitas se culpam
pelo que está acontecendo e por isso, não costumam procurar assistência
jurídica, realizar denúncias ou ir em busca de apoio de familiares ou amigos
com receio de que eles a culpem da mesma maneira que ela se culpa. Após a violência
sexual, muitas mulheres tendem a ficar muito irritadiças por não terem se
empenhado na própria defesa.
Além
de tudo isto que foi posto aqui, muitas não querem realizar as denúncias seja
pela fragilidade do seu estado psíquico ou não acreditam na efetividade da
justiça e no tratamento adequado por parte dos profissionais de saúde.
Mesmo
com os recursos legais, jurídicas e de saúde pública disponíveis para as
vítimas de violência sexual, infelizmente, muitos agressores não são punidos e
a revitimização é frequente.
Mas
e agora??O que faço?
A
ajuda psicoterapêutica é fundamental tanto para fortalecimento emocional da
vítima como tratamento das consequências psicológicas oriundas da agressão. E
mesmo com a realidade de um judiciário moroso e uma assistência duvidosa, não
deixe de exercer seus direitos!
Este
foi o meu bate-papo! Gostou? Não? Ficarei muito feliz em saber sua opinião! É
só deixar aqui logo abaixo seus comentários!
Até
a próxima!
Karine
David Andrade Santos
Psicóloga
CRP-19/2460
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