Você já sentiu mal por
algo que seu (sua) companheiro (a) disse ou fez, mas não sabe o que identifica
de forma precisa o que te incomodou ou afetou? Seu (sua) parceiro (a) não
discute, não diz palavras rudes e nem aumenta o tom de voz, mas tem uma maneira
de conduzir os conflitos que te deixa culpado (a) ou, no mínimo, com uma
sensação estranha de mal-estar? Ou ele (ela) tenta de alguma maneira de
desestabilizar nas situações em que a responsabilidade pelo que aconteceu não é
sua?
Então, você está diante
de uma violência muito, mas muito específica: a violência perversa!
Mas o que é isto? Este
termo foi muito bem discutido e estudado por Marie-France Hirigoyen em seu
livro Assédio Moral: A violência perversa no cotidiano. Este tipo de agressão normalmente se instala nos casais quando a parte
afetiva falha ou na presença de excessiva proximidade entre os pares.
Este excesso de proximidade é gerador de medo
e assim um indivíduo narcisista (os o
que é isso? Narcisista? É uma pessoa que, digamos, o mundo só se resume a ela,
ela e ela) para impor seu domínio naquela relação e evitar que o outro
muito próximo invada o seu “precioso mundinho”.
Assim para ter certeza de sua onipotência naquela relação, vai buscar ter
uma relação de dependência e controle
sob o (a) parceiro (a). E disto tudo que vem aquela sensação permanente de
dúvida, culpa e paralisia.
Assim, o indivíduo
narcisista mantém a pessoa dentro de
limites que são seguros para si. No entanto, quem relaciona com esta
pessoa, está em uma posição indefinida e incerta. Ao mesmo tempo, o narcisista perverso tenta fazer com que
pessoa permaneça, mesmo que frustrada, e dificulta o pensamento do (a) parceiro
(a) para que ele (ela) não tome consciência do que está acontecendo.
Complicado não é mesmo??
Se eu fosse fazer uma
comparação entre o mundo animal e uma relação com um narcisista, diria que o
narcisista perverso é a aranha e o (a) parceiro (a) é a presa. Quando está presa é enredada em sua teia,
ela fica ali presa, paralisada e distante da aranha que, aos poucos, vai
minando a vida da presa. No caso da relação, o ataque é contra o mundo psíquico/autonomia
do parceiro (a).
Neste ponto, a violência
perversa vai aflorar em momentos de crise. Neste momento que tem este tipo de
defesa narcisista perversa, não assume a
responsabilidade pelas dificuldades/fracasso da relação e projeta tudo isso
para o (a) parceiro (a). Este tipo de agressão também se torna mais forte quando os parceiros têm uma idealização/ideal
daquele relacionamento e quando surge uma crise ou rompimento.
Neste tipo de situação, o
(a) parceiro (a) será inteiramente responsabilizada pelo que está acontecendo e
neste contexto, mesmo que o perverso
tenha ações claramente culpabilizadoras, ele (ela) negará veementemente o que
faz.
As
mentiras, os subentendidos e outros tipos de manobras perversas
são as mais ações mais costumeiras que um perverso lança mão dentro de um
relacionamento. O objetivo é fazer com que o
outro fique desestabilizado e duvide das suas próprias percepções.
Quando a vítima toma
consciência do que está acontecendo, ela
é tomada por uma intensa sensação de angústia por que simplesmente NÃO
conseguem se libertar do parceiro (a). Com isso além de sentir raiva,
vivencia intensamente a vergonha pelas
humilhações, pelo que suportou para manter o relacionamento e por não ter sido amada
(amado).
Quando a separação/
rompimento da relação acontece, aquele movimento perverso até então
escondido/subjacente, ele se acentua por que ele (ela) sente que a presa está
saindo do seu controle (da sua teia).
E pode ser este movimento
violento não termine principalmente
quando existem os filhos. O (a) perverso (a) irá fazer uso deles para
atingir o (a) ex-parceiro (a). Não é incomum desta maneira que os divórcios dos
perversos sejam violentos ou mesmo litigiosos.
Uma prática que costuma
ser empregado por estes indivíduos é a
perseguição sistemática ou Stalking. Inconformados
por ter perdido sua presa, eles (elas) tentam
invadir a vida dos seus ex-amantes ou ex-parceiros de alguma forma.
Com isso, enviam mensagens sistematicamente com
palavras de ameaças, sejam diretas ou indiretas, estão sempre presentes nos locais que a vítima costuma frequentar
ou realizam outros atos que fazem
lembrar aos seus ex-amantes ou ex-parceiros que ele (ela) está por ali e não a esqueceu.
Mas
e agora? O que eu faço???
Não tenha dúvidas daquilo
que você está sentindo. Você não MERECE O QUE ESTÁ VIVENDO E TENHA
CERTEZA DE QUE A CULPA NÃO É SUA.
Se você tem dificuldades
em se libertar deste tipo de relação, procure ajuda psicológica. E caso esteja
sendo perseguido (a), procure assistência jurídica ou emita um boletim de
ocorrência.
Isto é muito sériooo!! Infelizmente temos conhecimento da quantidade de
homicídios causados principalmente por homens que não aceitam o fim do
relacionamento. NÃO TENHA DÚVIDAS EM DENUNCIAR! EXERCA SEU DIREITO!
É isso! Espero que tenha
ajudado!
Obrigada pela leitura esclarecedora e sensível, diante de um assunto tão delicado que acomete a muitas mulheres.
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