Olá leitor! Hoje venho falar
sobre pai, maternidade, filho, etc. E escolhi este justamente por observar como
esta figura ocupa um papel secundário na criação dos filhos. Não só na criação,
mas se você perceber bem o papel paterno, constituímos uma série de adjetivos
que remotam a algo distante, desconhecido, remoto e, até quem sabe, no mínimo,
ausente. Será que isto é natural? Será que o homem foi programado
biologicamente para ocupar este papel de auxiliar ou, no máximo, de provedor?
Afinal o que realmente acontece?
Cabe antes fazer alguns
esclarecimentos sobre algumas particularidades entre mãe e filho principalmente
até os três anos de idade. Quando a criança nasce, a mulher se sente em um
estado de fusão com o filho. E como se os dois fossem únicos e isto pode ser
traduzido pela sensação de estranheza e de alerta as necessidades da criança.
Com isso, alguns pais tentam se aproximar deste par e, em alguns casos, não
conseguem.
Mas isto é natural justamente por que a mulher está totalmente
envolta neste estado de fusão como citei acima. O papel do pai, durante este
momento, é fornecer apoio psicológico e intermediar a relação desta mulher com
o mundo, ou seja, caberá a este homem desafogar a mulher das obrigações
externas para que ela possa atravessar este momento.
Além disso, muitos homens
não entendem por que a mulher não fica disponível para uma relação sexual ou
como acontece, em alguns casos, muitas mulheres cedem as investidas do
companheiro, principalmente depois da recuperação do pós-parto, para “cumprir
seu dever como esposa” mesmo que se sintam feias, estranhas e sem nenhum
apetite sexual. Aliás, muitas têm medo que o companheiro tenha relações extraconjugais
caso não cedam as investidas ao marido. Em relação a este ponto, vou deixar
aqui uma reflexão: será que já não existia algo na relação, antes mesmo da
gravidez, que já não deixou terreno propício?
Retornando ao tema
central, de maneira geral, até por volta dos 3 anos, o homem precisa ser
companheiro e respeita os ritmos tanto da mãe como do filho. E, infelizmente, a
depender do perfil do companheiro, as relações desandam e culminam no
rompimento. O tempo de retorno da mulher tanto para as atividades no trabalho,
com os amigos e outros círculos sociais bem como para o companheiro é outro.
O
ritmo exigido do mundo para esta mulher não está em sintonia com o seu tempo
psicológico vivenciado na maternidade. E, neste sentido, o homem teria o papel
de trazer esta mulher, aos poucos, para o mundo bem como realizar esta
separação entre mãe e filho. Na ausência de um pai, ele poderia ser exercido
por outras pessoas ou mesmo por atividades no mundo.
Mas esta figura paterna,
no mundo contemporâneo, está mais ausente do que presente. Não ignoro aqui, de
maneira nenhuma, como muitos homens estão cada vez mais próximos e presentes na
criação dos filhos. Só que, infelizmente, seja pela falta de tempo consumido
pelo trabalho seja por ainda acreditar que seu papel é unicamente corretivo,
muitas mães se sentem sozinhas nesta jornada de criar seus filhos mesmo com um
companheiro ao lado. Assim, se em um tempo não muito remoto, o pai era um exemplo
vivo para os filhos, hoje ele se tornou uma imagem vaga que nunca está
plenamente em casa.
E isto tem um custo para
filhos, para a mulher e para o homem. Os filhos costumam ter uma imagem confusa
e não-definida de quem é este pai. A mulher deixa de seguir seus projetos
pessoais, abarcar oportunidades de trabalho e até mesmo a identidade e precisa
atender as necessidades, desejos e regras estabelecidos por este pai mesmo que
não esteja presente. E, neste cenário, a situação fica melhor para a mãe
solteira, pois ela toma as decisões por conta própria e as dimensões sob sua
responsabilidade estão localizadas entre mãe e filho.
Por fim, os homens acabam
se tornando um estorvo, um peso e que precisa ser colocado ao lado. Alguns
homens reclamam da exclusão e ou mesmo de como se sentem solitários mesmo tendo
a mulher e os filhos ao lado. Isto por que ele não sabe exercitar este papel
paterno. Sente-se como um intruso que não sabe o que fazer dentro de uma festa
que não foi convidado.
Este texto não tem o
objetivo de culpabilizar mãe, pai ou filhos, mas trazer uma realidade que
precisa ser repensada dentro de uma relação. Que as mulheres permitam que estes
homens participem deste momento e que os homens tenham o papel de cuidar e respeitar
em este momento peculiar de sua companheira. Como a chegada de um filho é
encarada como “ uma prova para a relação”, caso algo ocorra como uma relação
extraconjugal ou um pedido de separação, podemos dizer que algo já não estava
bem sintonizado antes da gravidez e, em um momento como este, tornou-se mais
claro e evidente.
Espero que tenha ajudado
e caso você conheça alguém que precisa ler este texto, repasse. Muitos pais e
mães precisam deste apoio!
Grande Abraço! Fiquem em
paz!
Karine David Andrade
Santos
Psicóloga CRP-19/2460
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