Olá! Olá! Meus caros
leitores e leitoras! Para fechar os textos alusivos ao dia Internacional da
Mulher, hoje venho falar sobre relacionamentos violentos. Não irei trazer necessariamente
as características deste tipo de relação mas apresentar determinados discursos
que são comuns na fala das vítimas.
Muitas pessoas ficam
indignadas, consternadas e até mesmo intolerantes com aquelas mulheres vítimas
de violência que costumam ir e voltar para estes relacionamentos. Não entendem
como uma pessoa constantemente violentada pelo parceiro não coloca um ponto
final na relação. Afinal será mesmo que existem mulheres que gostam de apanhar?
Será que estas mulheres
não enxergam o tipo de relacionamento em que está envolvida? Será que ela o ama
tanto a ponto de se submeter a violência física ou violência psicológica? Será
que ela não consegue enxergar o parceiro violento com quem está se
relacionando? Afinal o que se passa?
Por isso, trago aqui
pontos muito comuns na fala da vítima, dos amigos ou de outras pessoas que
convivem ou tem conhecimento desta relação.
- A esperança
Muitas
mulheres/homens alimentam a esperança de uma mudança gradual e espontânea por
parte do parceiro. Acreditam que, através da paciência e da boa vontade, vão
conseguir a mudança tão desejada no comportamento violento do parceiro. E assim
costumam ir e voltar para este relacionamento sempre na esperança da
transformação do parceiro.
E
isto se torna mais grave quando sabemos que a violência é cíclica e em uma
destas fases, o parceiro realmente vai se mostrar mais terno, carinhoso e
gentil. Mas isto é só uma fase que precede a violência.
Abaixo
coloco as fases da violência para que possamos relembrar como a vítima pode
alimentar a esperança devido ao comportamento do parceiro em uma destas fases:
Fase
de tensão: período em que a
violência não se manifesta de maneira direta mas através da linguagem
não-verbal como mímicas, gestos e movimentos agressivos e pelas mudanças nos
tons de voz. A vítima empreende um esforço para evitar o ato violento mas, com
o passar do tempo, o controle enfraquece e a fase da agressão se aproxima.
Fase de agressão: é o momento em que o agressor
(a) grita, insulta, ameaça, quebrar objetos e, por fim, agride fisicamente a
pessoa através de empurrões, tapas, socos, braços torcidos e, nas relações
conjugais, normalmente os homens costumam forçar uma relação sexual.
Ocorre uma explosão de atos de violência e a
vítima se sente impotente e triste.
Fase de desculpas: Esta é a fase em que o agressor
(a) apresenta comportamentos que buscam anular ou minimizar os efeitos dos atos
de violência anterior. O agressor (a) tenta justificar seu comportamento
violento através de motivos externos. Muitas vezes as vítimas acreditam nas
desculpas, arrependimentos, juras de amor e promessas de mudança. O objetivo
deste momento para a pessoa que agride é fazer com que a vítima esqueça a raiva
e ponha a culpa em outras fontes de irritação ou mesmo na vítima.
Fase de reconciliação: Esta é famosa fase de
"lua-de-mel". O (a) agressor (a) costuma oferecer atenção, gentileza,
cooperação, cordialidade e, em muitos casos, presenteia a vítima. Nas relações
conjugais, este período o (a) agressor (a) está sendo sincero pois tem medo de
ser abandonado (a). A vítima recupera a esperança e acredita na mudança de
comportamento do (a) agressor (a). No entanto, o ciclo da violência pode ser
reiniciado a qualquer momento.
2. 2.O amor
Muitas
mulheres estão vinculadas ao relacionamento violento pelo amor. Mas neste
contexto acreditam que o sofrimento causado pela violência física e psicológica
é inerente a qualquer relacionamento.
Também
existem mulheres em relacionamentos violentos que ficam fixadas em uma imagem
idealizada do parceiro e não conseguem se desvencilhar da relação pois não
conseguem “enxergar” quem é realmente este parceiro.
E
por falar em amor, cabe lembrar que este sentimento está muito relacionado a
posse, controle e propriedade sobre o (a) parceiro (a) nas relações. Mas o amor
está muito mais relacionado a liberdade, desenvolvimento e crescimento da
pessoa amada.
O que estou querendo dizer é que quando uma
relação é baseada nos termos citados, ambos crescem, evoluem e conseguem ter
uma vida INDEPENDENTE do outro.
Então
será que é amor mesmo?
3. 3.O medo
Esta
emoção está presente nos relacionamentos violentos. É quando a mulher tenta
adequar seu comportamento, gestos e sentimentos para que o parceiro não reaja
violentamente. Ou mesmo esta aflição faz com que estas mulheres nada façam para
sair desta relação violenta.
Há
também um temor pela perda do “amor do parceiro” ou pelo que ele pode fazer com
ela. E isto se torna mais evidente, quanto maior for a sensação de desamparo
desta mulher. Assim, devido ao desamparo e ao medo associado, muitas
permanecem.
4. 4.A culpa
Pois
é. Muitas mulheres acreditam que existem algo em si provocando a violência no
parceiro. Neste sentido, muitas estão em busca de algo em sua personalidade ou
no corpo que sejam “provocadores” desta reação violenta no parceiro. Dentro
deste processo, a vítima costuma internaliza este sentimento.
5. 5.A dependência emocional/financeira
Existem
mulheres em relacionamentos violentos que se sentem desamparadas e dependentes
pois foi esta mensagem recebida em alguma fase da sua vida sobre o que é ser
mulher. Além disso, algumas não trabalham ou mesmo que trabalhem, sentem-se
dependentes daquele parceiro emocionalmente.
Com
isso, elas investem em qualquer relacionamento, mesmo que sejam violentos, para
vivam “amparadas” por um homem e com isso, eles detêm todo o poder dentro de
uma relação e assim, sentem-se autorizados a bater, empurrar, desqualificar e
por aí vai.
Estas
são as principais causas que prendem muitas mulheres a relacionamentos
violentos. Com isso, não existem mulheres que gostam de apanhar. Existem
mulheres sozinhas, desamparadas e subjugadas ao escrutínio social que
desconhecem as amarras invisíveis desta relação.
Se
você conhece alguém nesta relação, repasse este texto. Sinceramente espero que
ajude!
Até
a próxima!
Karine
David Andrade Santos
Psicóloga
CRP-19/2460
Nenhum comentário
Postar um comentário